A história dos Ovos Moles
Terá sido no Século XIX, no Convento de Jesus de Aveiro, que as mãos sábias e doces das freiras que aí viviam, elaboraram este doce pela primeira vez.
Enquanto que as claras dos ovos eram usadas para as tarefas domésticas, nomeadamente a engomagem da roupa, já a gema não tinha, até à data, nenhuma utilidade.
Ainda assim, para perceber a história do Ovos Moles, é também importante conhecer a história da produção de açúcar em Portugal, pois a verdade é que, sem açúcar, não haveria ovos moles. A cana de açúcar, inicialmente trazida pelos árabes no século VIII, rapidamente começou a ser plantada na ilha da Madeira, tornando-se numa importante atividade económica para Portugal. Uma parte da produção ia diretamente para a Casa Real que, por sua vez, distribuía parte como donativo por várias instituições e conventos. Um desses conventos era o Convento de Jesus de Aveiro.
Face à necessidade de encontrar uma forma de conservar as gemas, terá surgido a opção de juntar açúcar, que nunca imaginariam vir a levar à criação de um doce de ovos, adorado por todos, que mais tarde, resultaria nos famosos Ovos Moles de Aveiro.
Ao extinguirem os conventos, o fabrico dos ovos moles manteve-se, graças às senhoras educadas pelas religiosas do Convento. Desde a existência da linha de caminho de ferro que liga o Porto a Lisboa, que é tradicional a venda de Ovos Moles durante a paragem dos comboios na estação de Aveiro, feita por mulheres usando trajes regionais.
O doce era tradicionalmente vendido em barricas de madeira pintadas à mão, com desenhos de barcos moliceiros e outros motivos da Ria de Aveiro.
Ainda assim, dada a origem conventual, os Ovos Moles são, hoje, maioritariamente servidos em hóstia, ou obreia, isto é, uma folha fina de massa de farinha sem fermento e moldados em formas que remetem para a cidade de Aveiro, a sua tradição piscatória e a proximidade com o mar. As formas tradicionais são peixes, búzios ou conchas.
Atualmente, os Ovos Moles de Aveiro são o ex-líbris da Doçaria Conventual portuguesa e permitem, nos quatros cantos do Mundo, saborear o que de melhor se faz em Portugal.